quarta-feira, 24 de março de 2010

“Tetro”, Francis Ford Copolla, 2009 (EUA)




Com “Tetro“, Francis Ford Copolla retorna ao topo de sua própria possibilidade criativa, e o faz em grande estilo. Após “Youth without youth“, seu primeiro filme em uma década, e filmando seu primeiro roteiro original desde “A conversação”, de 1974, o cineasta apresenta sua obra mais ousada e ambiciosa desde “Apocalipse Now” (1979). Sendo este, definitivamente o mais pessoal, maduro e sinceramente planejado, quadro a quadro.

Através da história do caçula que após 10 anos vai a procura do irmão mais velho, que ao tirar 1 ano sabático para escrever e se encontrar consigo mesmo, nunca mais deu notícias no tempo em que esteve ausente. A volta do irmão caçula, também em busca de alguém que nem ao menos sabem quem é, trás lembranças e revela segredos de família que se pretendiam permancer escondidos.

Copolla extrapola os limites do drama familiar clássico. Ao se apropriar de sua estrutura, recheado-a de rivalidade familiar, o diretor alcança a sinceridade reservada somente àqueles que através da necessidade de revelar e contar algo, são capazes de alcançar. Necessidade esta, que naturalmente impulsiona o diretor a revelar o sentido primordial da verdadeira arte de fazer filmes, a de contar histórias que não poderiam ser contadas através de qualquer outro meio, que não o cinema. Destaque para a brilhante atuação de Vincent Gallo (cujo pai na vida real, assim como o Tetro do filme, também foi um regente de sucesso).

Se é que ainda não foi lançado na América, o filme foi inadmissivelmente ignorado pela Academia, já que esta não o indicou a sequer um Oscar para a premiação ocorrida no dia 7 de março. “Tetro” foi auto-financiado pelo diretor e sua histórica produtora “Zoetrope” e nem ao menos tem previsão de estréia no Brasil. Filmado magistralmente em PB, nas ruas de Buenos Aires, “Tetro” promete ser a volta às origens de um gênio, que após tanto tempo afastado de si mesmo, se reencontra na simplicidade de sua personalidade mais profunda.

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